Para relaxar a visão, uma dica é colocar as mãos em concha sobre os olhos fechados e permanecer assim por 10 minutos, sugere a terapeuta Alja Lamas
“Nas primeiras horas da manhã desamarre o olhar, deixe que se derrame sobre todas as coisas belas. O mundo é sempre novo…”, sugere a poetisa Roseana Murray. Por isso, pergunto: qual é a primeira coisa que você vê ao abrir os olhos? Esse elemento abre as portas do seu dia. Daí a importância de ser algo bom. Se for uma cor (no teto ou na parede) ou um quadro que lhe agrade, ótimo. Mas no caso de uma pilha de papéis desordenados, a primeira mensagem do seu dia será a poluição visual. Que ela é fonte de estresse, todo mundo sabe, e, dizem, pode afetar nossa saúde mental.
Minha amiga Alja Reis Lamas, terapeuta da visão (método self-healing), explica que “os olhos não conseguem perceber a totalidade de um ambiente e registram o que tem mais a ver com você ou o que já é conhecido. O que excede essa percepção, e o que não se quer ver (o sujo e o feio), fi ca guardado na memória visual e provoca profundo cansaço”. Para Alja, uma casa com menos objetos tende a nos deixar mais calmos porque “os olhos estão ligados ao fígado, o general das emoções”. E sobrecarga visual é igual a desgaste emocional. Para mim, isso ajuda a entender o nervosismo comum nas grandes cidades, pois são tantas as placas, pichações e fiações expostas, além de ruas e edifícios sujos ou sem nenhuma manutenção. Uma forma de alívio é, como sugere Alja, colocar as mãos em concha sobre os olhos fechados por 10 minutos. E descansar o sentir.
“Dois homens olharam através das grades da prisão, um viu a lama, o outro as estrelas”, escreveu Santo Agostinho. Ao voltar o rosto para o alto, só tenha cuidado com a luz artificial. As lâmpadas fluorescentes compactas podem fazer mal à pele por causa dos raios ultravioletas. Deixe-as distantes do corpo e lembre-se que elas se tornam mais seguras atrás de uma luminária de vidro. Se possível, priorize a luz natural. Olhar para o céu e para o horizonte relaxa a visão e a alma.
“Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda. Sua visão se torna clara quando você olha o seu coração”, já dizia o psicanalista Jung. O terapeuta corporal José Maurício Costa, para quem a visão é uma porta de entrada para a consciência, resume: “Imagine um armário cheio, mas que metade das roupas você nunca usasse. Com o tempo, ao abrir o guarda-roupa, você passa a ‘não vê-las’ porque sabe que não vai precisar delas. Apenas por apego ou medo de que algo vá faltar, não se desfaz das peças. Essa postura de ‘turvar a vista’ diante de um incômodo pode se transferir para outras situações”. Enxergar a causa das dificuldades é fundamental para ajustarmos a rota. “A visão clara favorece a percepção, a compreensão mental e evoca experiências espirituais”, Maurício me diz. A poluição visual nos distrai, tirando a atenção da beleza e do bem que nos são apresentados a cada instante. A vida só pode ser compreendida quando olhamos para trás entendendo os seus caminhos, mas só pode ser vivida olhando-se amorosamente à nossa frente.
