O violinista nunca se arrependeu: tem sete CDs, fez espetáculos no exterior e participou de shows de Gilberto Gil e Elba Ramalho, entre outros ídolos
De uma família de seis irmãos, Cleyton Rodrigues, 35 anos, foi o único a seguir os passos do pai, Jofer Rodrigues, também violinista. Respirou melodias e acordes desde criança, pois, além de ter um exemplo em casa, nasceu e se criou em Tatuí, no interior de São Paulo, onde há uma das maiores escolas de arte do país, o Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos.
Aos 10 anos, ele já mostrava habilidade para improvisar com o violino. E, sendo assim, foi para o conservatório.
Acostumado com as dificuldades de se viver de arte no país, Jofer não queria ver o filho indo pelo mesmo caminho que ele. Mas Clayton persistiu e se tornou conhecido. Tanto que já dividiu o palco com grandes nomes, como Gilberto Gil, Elba Ramalho, Oswaldo Montenegro, Renato Borghetti, Zeca Baleiro, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Falamansa, Família Lima, o saudoso Jair Rodrigues, Bocato, entre outros ídolos.
Cleyton também popularizou o instrumento clássico, ao apresentar o Violive Project, unindo o som do violino elétrico e música eletrônica. Quer saber mais? Então, segue em frente!
TITITI – Tem boas lembranças da sua infância em Tatuí?
Cleyton Rodrigues – Sim, pois lá se respira música o tempo todo, há gente ensaiando nas ruas e praças… E em casa tinha meu pai como inspiração. Posso dizer que minha infância foi cercada por sons.
Seus pais não o apoiaram no início, como foi?
Na época, não me incentivaram. Eu não entendia direito, mas meu pai sempre dizia que se eu fosse trabalhar com música precisaria cair no mundo. Saí de casa aos 15 anos para ir atrás de meu sonho! E nunca me arrependi. Depois, voltei com o primeiro CD e que tem uma música com o nome do meu pai.
É mesmo difícil trabalhar com música no Brasil.
Sim, principalmente para um instrumentista. E ainda mais violino… Mas já estou há muitos anos fazendo isso. Tenho sete CDs e já toquei no exterior.
Qual foi seu melhor show?
Aconteceu perto de Rondonópolis (MT). Lá, as pessoas têm carinho com os instrumentistas. O local estava lotado de gente atenta para ver um artista como eu, que não é celebridade!
Há quanto tempo coloca o violino na música popular?
Tem 17 anos. Sou um dos primeiros a fazer esse tipo de trabalho no Brasil. E me apresentei na Bolívia, Chile, Argentina, Portugal e Estados Unidos.
O que a música lhe trouxe de mais importante?
Me deu a oportunidade de conhecer gente bacana e a capacidade de entender o ser humano.
Que conselho daria para quem quer ser músico?
Não adianta realizar algo só porque o mercado aceita, pois dinheiro não paga sua felicidade. Realize o que lhe faça bem.
Arrepende-se de algo?
Não. Recebi 34 prêmios. O CD Devaneios de uma Tirania, em homenagem às vítimas do 11 de setembro, me deu um prêmio da ONU (Organização das Nações Unidas).
Como está sua vida pessoal. Solteiro, casado…?
Estou sozinho, mas tenho um casal de filhos. A Maria Eduarda, de 8 anos, do meu primeiro relacionamento, e o Miguel, de 3, que vive em Campo Grande (MS), com a mãe. E os dois adoram música.
Verdade que as mulheres piram em seus shows?
(Risos). Fiz um show há uns dias na Vila Madalena, em Sampa, e um dos contratantes comentou: “Cara, seu show só tem mulher!” Mas não é verdade, a forma de me apresentar é bem teatral. As crianças também gostam, isso agrada às pessoas de uma forma geral!
